Quem diria que um dos mais pequenos países da Europa seria um dos maiores produtores de vinho do mundo? Assim como outros países da Europa, Portugal encontra-se inteiramente dentro das latitudes 30° e 50°, a região do planeta que possui as condições mais adequadas para o crescimento e desenvolvimento da Vitis vinifera, a uva a partir da qual é produzida a bebida.
Segundo dados do Wine Institute, Portugal tem 180 mil hectares do seu território inerentes à produção de vinho. Além de abastecer o grande mercado consumidor interno, os vinhos portugueses são apreciados em todo o mundo
Se está por Portugal e está com grandes dificuldades em eleger um vinho para as suas refeições, elaboramos um pequeno guia que lhe explica sucintamente as diferentes regiões vinícolas (as melhores) de Portugal e os paladares mais comuns aos vinhos de cada uma delas!
A região do Douro, o Vinho do Porto e a primeira Denominação de Origem de Portugal
De onde quer que esteja a ler este artigo, com certeza já ouviu falar do famoso Vinho do Porto.
Este vinho fortificado português surgiu com a necessidade de conservar a bebida que era destinada à Inglaterra e que precisava percorrer um grande trajeto pelo Rio Douro e pelo Oceano até chegar lá. Por isso ela era fortificada com água ardente feita a partir do bagaço das uvas. Esse aumento da popularidade da bebida, trouxe consigo o problema da falsificação, que foi resolvido com a criação da primeira demarcação de origem da história em 1756 (pelo marquês de Pombal), denominando a verdadeira procedência do Vinho do Porto.
A região, classificada património da humanidade pela UNESCO, é caracterizada pela paisagem de terraços ao longo do vale do rio Douro, uma forma milenar e bastante eficiente de cultivo. O solo do terroir é granítico e rico em xisto, o que leva as videiras a criarem raízes profundas, às vezes com cerca de 30 metros de profundidade, onde, além do Vinho do Porto se produzem também os vinhos do Douro não fortificados Branco e Tinto. O primeiro caracteriza-se por ser fino, leve, fresco e aromático, enquanto o segundo é aveludado, rico em cor e aroma, e ainda envelhece de forma nobre.
Lisboa – Tejo, produção vitivinícola tradicional
Com um clima temperado mediterrânico, com uma amplitude térmica reduzida e alguma humidade manipulado pelo rio Tejo e protegidos pelas serras, com solos argilo-calcários e argilo-arenosos, esta região, que é também uma das mais antigas regiões produtoras de vinhos em Portugal, reúne condições naturais únicas para a produção de vinho. Até hoje é utilizada a pisa a pé e a colheita é feita em comunidade, além da utilização de rolhas de cortiça tradicionais.
Desta forma, os vinhos tintos possuem aromas complexos, cor rubi e um nível equilibrado de taninos; enquanto os vinhos brancos caracterizam-se pela sua cor cítrica e pelo seu aroma fino e frutado, onde sobressaem as frutas tropicais e o pêssego, por vezes combinados com aromas florais.
Colares, as vinhas resistentes
Bem perto da região de Lisboa, mas tão únicas e distintas, estão as vinhas que nascem da areia: as vinhas da região vinícola de Colares, a região Demarcada mais ocidental da Europa Continental e a mais pequena região produtora de vinhos tranquilos do país.
Sem certezas do ano em que foi iniciado o cultivo da vinha de Colares, sabemos por certo que em 1154 o nosso primeiro rei Afonso Henriques já tributava os habitantes de Sintra pelo vinho.
Mas é já em meados do século XIX que estas vinhas ganham especial destaque quando chega à Europa a filoxera, uma praga que destruiu grande parte das vinhas em França, Itália, Portugal e um pouco por todo o mundo. Esse pequeno inseto atacava as vinhas pelas raízes. E foi precisamente por isso que as vinhas de Colares conseguiram sobreviver: plantadas em grande profundidade em solo de areia, estavam num ambiente muito pouco atraente para aquele bicho. A profundidade da plantação protege as vinhas dos ventos marítimos, da brisa salgada e da humidade. A redução de produção que de forma notória afetou todo o país terá promovido uma maior procura do vinho desta região. A carta de Lei de 1908 reconhecendo Colares como vinho de tipo regional, foi o diploma que criou a região demarcada, património de elevado grau de raridade, senão único, em todo o mundo vitícola.
Para além de serem produzidos em condições de microclima muito especiais, estee vinhos são provenientes de castas autóctones, ou seja, existentes exclusivamente na Região.
O vinho tinto de Colares é ainda hoje feito de acordo com as técnicas tradicionais, sendo composto de cerca de 80% de uvas da casta Ramisco e 20% de outras castas. Este vinho deve ser envelhecido pelo menos de 6 a 8 anos e apresenta uma cor acastanhada ou alourada, no seu sabor constata-se uma complexidade aromática relacionada com frutos secos e com frutos vermelhos, muito agradável. O seu teor alcoólico raramente ultrapassa os 11.5 graus. A produção é muito escassa, não ultrapassando as 20 000 garrafas ano.
Quanto ao vinho branco, a casta é Malvasia de Colares a qual dá origem a vinhos de cor citrina, aroma frutado e floral e gosto acídulo característico da mesma. Deve ser servido fresco. A produção média anual ronda as 15 000 garrafas, o que torna ainda mais escasso que o tinto.
Alentejo, a maior região produtora de vinhos de Portugal
Localizado ao sul e ocupando uma porção referente a quase um terço de Portugal, a região vitivinícola do Alentejo é caracterizada pelas suas planícies extensas, solos muito heterogéneos (argila, granito, calcário ou xisto), e níveis de insolação elevados, que resultam num perfeito enraizamento das plantas, preservando a acidez natural da fruta e permitindo a maturação das uvas e uma desejável acumulação dos açúcares e matérias corantes na pele da uva.
Deste modo, é possível obter duas qualidades de vinho: um vinho tinto de cor rubi, quente, equilibrado, de ligeira adstringência e aromas a frutos vermelhos, e um vinho branco cor de palha, encorpado, equilibrado e frutado.
Dão, vinhas no coração de Portugal
O seu nome deriva do Rio Dão, que atravessa a região que é cercada em todas as direções por montanhas, tão altas que os seus picos se cobrem de neve no inverno, e apresenta terrenos graníticos de baixa fertilidade. As cadeias montanhosas condicionam o clima, abrigando as videiras da influência marítima e da ação direta do clima continental. O clima é parecido com a região do Toro, Espanha, ideal para o cultivo de Tinta Roriz (conhecida lá como Tempranillo).
Os vinhos do Dão têm bastante personalidade e costumam ser resultado de cortes de castas diferentes, e de uvas de diferentes altitudes que podem variar de duzentos a mil metros acima do mar, como na Serra da Estrela, juntando num vinho diversos lotes de uvas de pequenos produtores.
O Vinho Branco resulta pouco alcoólico, rico em ácido málico e bastante frutado, enquanto o Vinho Tinto tem boa capacidade de envelhecimento.
Vinho Verde – Região do Minho
Vinho Verde, nome de vinho e o nome que é dado a esta região do Minho. Ganha este nome por causa da vegetação verde encontrada nas costas locais, o que acontece devido ao clima frio e chuvoso, influenciado por ventos que vêm tanto do mar, quanto do norte. Os solos férteis e predominantemente de granito que abrigam as centenárias videiras são cortados por rios que fluem das montanhas. Vinho Verde é a maior região produtora do noroeste do país.
E é nesta terra densamente povoada e de solos abundantes que nasceu o famoso Vinho Verde. Com características únicas e castas nativas, essa região prepara um vinho branco incomparável, sendo leve, jovem, fresco e aromático. A bebida adequa-se aos mais variados tipos de ocasião e acompanha muito bem saladas, peixes, carnes brancas, molhos cítricos, legumes, mariscos e sushi.
Fora de Portugal é comum encontrar o Vinho Verde branco, mas no país as variedades tintas e rosés são as mais frequentes. Nos restaurantes e entre os habitantes da região, a rosé é a mais pedida, pois é a combinação perfeita para acompanhar as típicas sardinhas assadas.
A história da vinicultura portuguesa segue uma longa tradição, conquistando uma posição merecida pela diversidade e alta qualidade de seus vinhos. Por isso, e graças ao grande gosto dos produtores e apreciadores, estes exemplares se tornaram famosas no mundo todo.
Conhecendo as principais regiões vinícolas de Portugal, certamente é possível experimentar grandes rótulos e aproveitar essa oportunidade para estar em ótima companhia!
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